domingo, 14 de outubro de 2012

“Redescobrir a alegria de crer”, diz Bento XVI na abertura do Ano da Fé


Na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o papa Bento XVI presidiu a missa de abertura do Ano da Fé. Cinquenta anos depois da abertura do Concílio Vaticano II, a praça de São Pedro recebeu milhares de fiéis do mundo todo. A celebração também recordou que há 50 anos começava o Concílio Vaticano II. “Eu já estava no seminário na época. E hoje eu estava na mesma Praça São Pedro, no Vaticano, com uma multidão, sob um sol de lascar, para a celebrar a data e o início do Ano da Fé”, testemunhou padre Maurício Brandolize, brasileiro que atua em Goiás e que participou da cerimônia. Bento XVI presidu a Missa com um total de 400 concelebrantes: 80 cardeais, 14 padres conciliares, 8 patriarcas de Igrejas orientais, 191 arcebispos e bispos sinodais e 104 Presidentes de Conferências Episcopais de todo o mundo. Estavam também presentes na Praça São Pedro Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, e o Primaz da Comunhão Anglicana, Rowan Williams. O Papa iniciou sua homilia explicando que a celebração desta manhã foi enriquecida com alguns sinais específicos: a procissão inicial, recordando a memorável entrada solene dos padres conciliares na Basílica de São Pedro; a entronização do Evangeliário, cópia do utilizado durante o Concílio; e a entrega, no final da celebração, das sete mensagens finais do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica. Bento XVI disse que o Ano da fé tem uma relação coerente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um “Ano da Fé”, em 1967, até chegar ao o Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre. Lembrando aquele dia, Bento XVI evocou o Bem-Aventurado João XXIII no Discurso de Abertura do Concílio Vaticano II, quando apresentou sua finalidade principal: “que o depósito sagrado da doutrina cristã fosse guardado e ensinado de forma mais eficaz”. Papa Ratzinger revelou aos presentes o que experimentou: “uma tensão emocionante em relação à tarefa de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no nosso tempo, sem sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado”. Para o Papa, o mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a atual, é reavivar na Igreja “aquela mesma tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo, sempre apoiado na base concreta e precisa, que são os documentos do Concílio Vaticano II”. “A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança”. De fato – prosseguiu o Pontífice – “os Padres conciliares quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o mundo moderno justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha firme em que se apoiavam. Contudo, nos anos seguintes, muitos acolheram acriticamente a mentalidade dominante, questionando os próprios fundamentos do ‘depositum fidei’ a qual infelizmente já não consideravam como própria diante daquilo que tinham por verdade”. Portanto, “se a Igreja hoje propõe um novo Ano da Fé e a nova evangelização, não é para prestar honras, mas porque é necessário, mais ainda do que há 50 anos!” – exclamou. “Nas últimas décadas, observamos o avanço de uma “desertificação” espiritual, mas, no entanto, é precisamente a partir da experiência deste vazio que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus, que liberta do pessimismo”. Este, portanto – concluiu Bento XVI – é o modo como podemos representar este ano da Fé: “uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas – como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão – mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos”. Por fim, o Papa recordou que no dia 11 de outubro de 1962, celebrava-se a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. “Que a Virgem Maria brilhe sempre qual estrela no caminho da nova evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em prática a exortação do Apóstolo Paulo: ‘A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria… Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai’”.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Eleições municipais 2012


A sociedade é constituída em família, tendo como célula mãe, o Lar doméstico. Na base estão o homem e a mulher, sendo um, extensão do outro, vivendo numa real complementariedade. Já não são dois, mas uma só carne. A solidez de tudo isto acontece no amor, que exige sacrifício, diálogo, respeito mútuo, igualdade e paz. Dentro do clima eleitoral, podemos dizer que o Município é uma grande família, onde os interesses precisam ser comuns, de tal forma que a administração pública favoreça o bem de todas as pessoas. Os objetivos não podem ser outros que não sejam para favorecer os munícipes na dimensão de uma verdadeira família. Cada pessoa humana, criada com liberdade e dignidade, deve ser colaboradora de Deus no cultivo do bem e no cuidado com os bens da natureza. Isto passa por momentos de definição. Um deles acontece na hora do voto. Confirmar, na urna eletrônica, um voto irresponsável, é contribuir para uma má administração. A dimensão familiar não se restringe ao relacionamento entro um homem e uma mulher, mas também às demais criaturas e com toda a natureza. É um compromisso de cuidado com os seres humanos, com a terra, a água, as árvores, os animais e todas as demais criaturas. O critério não pode ser de interesses egoístas. O Município, sendo uma grande família, deve promover projetos de inclusão social. Assim todos poderão usufruir das condições materiais e afetivas para uma vida feliz. Exige dos eleitores precisão na escolha de prefeito e vereadores comprometidos, competentes e de vida ilibada para trabalhar em benefício do povo. Podemos até dizer que agora “é a hora da verdade”. Ou assumimos uma postura crítica e afinada com uma verdadeira política, aquela do bem comum e da coerência, ou teremos que “gemer”, tendo que conviver com maus administradores e legisladores por mais quatro anos. E nem podemos reclamar depois, porque aí já será tarde demais. É por isto que dizemos que “voto não tem preço, mas tem consequência” e, às vezes, muito amargas. 
 Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Ano da Fé e a Urgência de Evangelizar



Irmãos e Irmãs!
 O dia mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária, celebrado no penúltimo domingo do mês de outubro, reveste-se neste ano de 2012, de especial significado, com o início das comemorações do cinqüentenário do início do Concílio Ecumênico Vaticano II no dia 11, com a abertura do Ano da Fé e do Sínodo dos Bispos com o tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé. É a Igreja, que com renovado ardor, reafirma a sua missão, que é a de fazer com que o Evangelho chegue até os confins da terra. Em sua mensagem para o dia mundial das Missões, o Papa Bento XVI reafirma a urgência de evangelizar, e coloca no centro da eclesiologia, a natureza missionária da Igreja, afinal, “aumentou o número daqueles que ainda não conhecem Cristo. ‘Os homens, à espera de Cristo, constituem ainda um número imenso’, afirmava o Beato João Paulo II na Encíclica Redemptoris Missio – sobre a validade permanente do mandato missionário; e acrescentava: ‘Não podemos ficar tranqüilos, ao pensar nos milhões de irmãos e irmãs nossos, também eles redimidos pelo sangue de Cristo, que ignoram ainda o amor de Deus’ (n. 86). Por minha vez, ao proclamar o Ano da Fé, escrevi que Cristo ‘hoje como outrora, envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra’ (Porta Fidei, n.7). E esta proclamação – como referia o servo de Deus Paulo VI, na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi – sobre a Evangelização no mundo Contemporâneo, ‘não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos. Sim, esta mensagem é necessária; ela é única e não poderia ser substituida’” n.5). Na esteira do pensamento do servo Deus de Paulo VI, precisamos compreender ainda a evangelização como ação capaz de “chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (EN, n. 19). “A Boa-Nova proclamada pelo testemunho da vida, deverá mais tarde ou mais cedo, ser proclamada pela palavra da vida. Não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (EN, n. 22). Não podemos ignorar as conclusões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, onde os Bispos afirmam que a evangelização tem início a partir do “encontro com um acontecimento, com uma pessoa, Jesus Cristo, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DA. N.243), na certeza que realmente o que conta é a experiência d’Ele. Fazemos nosso o apelo do Papa Bento XVI em sua mensagem, para que toda DIOCESE torne-se MISSIONÀRIA, retomando um dos aspectos da nossa homilia do Ano da Fé que propõe que “deixemo-nos impulsionar pelo seu amor – amor de Cristo, fazendo de nossa vida um evangelho vivo para tantos que não O conhecem, a começar pelas nossas comunidades, no centro, na periferia, no meio rural, no mundo do trabalho, nos centros de decisões, no mundo vasto e complexo mundo da política, da economia, da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dois meios de comunicação social, da família, da educação, mormente das crianças e dos adolescentes e no mundo do sofrimento. Nosso empenho não pode reduzir-se ao nível pessoal, mas faz-se necessário um empenho eclesial, convicto e a favor de uma evangelização capaz de descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”. No domingo, dia 30 de setembro, nossa Diocese realizou com grande entusiasmo a sua Primeira Jornada Missionária, com a participação de aproximadamente duas mil pessoas, membros da comissão missionária diocesana, comissões missionárias paroquiais, infância e adolescência missionária, religiosas, ministros leigos e agentes pastorais. A caminhada pelo centro da cidade de Bragança Paulista, a concentração no Colégio Coração de Jesus, cantos, reflexões, testemunhos missionários e a celebração da Eucaristia no encerramento, preencheram os corações dos presentes com alegria e com o desejo de anunciar Jesus – “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6). Bispos, Presbíteros, Diáconos, Religiosos e Religiosas, Agentes de Pastoral, Líderes de Movimentos somos corresponsáveis pela evangelização, que envolve todas as instâncias da Igreja. Não podemos nos omitir. De graça recebemos, de graça devemos dar. Maria, mãe de Jesus e Estrela da evangelização nos obtenha a graça de tornar nossa Igreja Particular autêntica Igreja Missionária.

 Dom Sérgio Aparecido Colombo
 Bispo Diocesano